Cardi B reflete sobre pressão estética, aceitação do corpo e perda de felicidade com a fama

Após passar por vários procedimentos, rapper diz que não pretende fazer novas mudanças e especialistas analisam impacto da fala

Aos 32 anos, Cardi B voltou a falar sem filtros sobre pressão estética e os efeitos de sua trajetória marcada por cirurgias plásticas. Em entrevista ao podcast Call Her Daddy, a rapper afirmou que, depois de anos de intervenções estéticas, decidiu parar com as mudanças. “Eu me olho no espelho e eu realmente não mudaria mais nada. Talvez eu gostaria que meu bumbum fosse menor, mas é realmente difícil que isso aconteça”, disse.

Cardi ressaltou que a redução de glúteos é um processo mais delicado do que muitos imaginam. O tema foi analisado pelo cirurgião plástico Dr. Carlos Tagliari: “O que a Cardi B falou é um reflexo do que muitos pacientes acabam descobrindo que reduzir glúteos é um procedimento mais complexo do que aumentar. Isso porque envolve questões de pele, de elasticidade e de simetria corporal. Ao mesmo tempo, é importante destacar que a cirurgia plástica não deve ser movida apenas por pressões externas ou críticas sociais, e sim pelo desejo real do paciente. Quando ela diz que está confortável com seu corpo e não quer mais se submeter a esse tipo de exposição, vemos uma mensagem de maturidade: a aceitação também faz parte do processo estético e de saúde mental”, analisa o cirurgião.

A rapper, que já passou por procedimentos como lipoaspiração, aumento dos seios e lentes de contato dentais, reforçou que não pretende mais se submeter a mudanças por pressão social: “Eu não vou me colocar nessa posição de novo só porque não gostam do meu corpo. Eu estou confortável. Aprendi a conviver com isso. Não recebo reclamações de ninguém e é isso.”

Apesar da fama e da estabilidade financeira, Cardi revelou sentir-se menos feliz do que há alguns anos. Em entrevista à revista CR Fashion Book, desabafou: “Uma coisa positiva é que, para a minha família, tudo o que eles querem, eles conseguem. Tudo o que eu quero comprar, eu posso comprar. Eu não preciso me preocupar tanto com o meu futuro. (…) Uma coisa negativa é que, mesmo estando feliz, sinto que eu era um pouco mais feliz há dois ou três anos, quando eu tinha menos dinheiro.”

Ela destacou ainda os efeitos da exposição: “Eu tinha menos pessoas opinando sobre a minha vida. Eu sentia que minha vida era minha. Agora sinto que nem sequer sou dona da minha vida. (…) Agora sinto que todo mundo é tão sensível, e isso é triste.”

Para a especialista em autoconhecimento e autoamor Renata Fornari, a fala da cantora reflete um dilema vivido por muitas mulheres: “Mesmo depois de conquistar fama e dinheiro, Cardi B revelou sentir-se menos feliz do que antes. Isso pode acontecer quando uma pessoa não está sendo livre para seguir o que a essência pede, mas sim pressões, metas, objetivos e padrões impostos por uma sociedade doente que eu chamo de ‘Teatro Social’. Sua fala expõe um ponto essencial: a pressão estética e de performance não liberta, aprisiona. O sucesso material pode comprar conforto, mas não garante paz interior nem libertação da essência. Muitas mulheres vivem nessa mesma contradição: parecem ter tudo, mas carregam o peso de armaduras emocionais e cobranças invisíveis. A verdadeira liberdade nasce quando nos permitimos existir inteiras, sem precisar provar nada para caber em um padrão”, explica.

O depoimento de Cardi B reacende debates sobre os limites da estética, os efeitos da fama e o valor da aceitação pessoal, temas cada vez mais urgentes em uma sociedade onde a imagem ainda dita padrões de felicidade.