Livia Rosa Santana
Depressão atinge famosos e conheça a história de quem conseguiu se livrar desse mal
Mais do que sentir, é preciso falar! Setembro Amarelo vem para mostrar que tabus precisam ser quebrados e os problemas devem ser compartilhados
Muitos famosos, como Zé Neto, Wesley Safadão, Gusttavo Lima, Luisa Sonza, Lucas Lucco e Simaria, já foram afastados dos compromissos profissionais para tratarem de problemas emocionais. E eles não estão sozinhos: dados do último mapeamento sobre a depressão realizado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) apontam que 5,8% da população brasileira sofre de depressão, o equivalente a 11,7 milhões de brasileiros.
Ainda de acordo com a OMS, o Brasil está em oitavo dentre os países com maior número de suicídios, atrás da Índia, China, Estados Unidos, Rússia, Japão, Coreia do Sul e Paquistão.
Nesse contexto fica a pergunta: como frear esses números?
Setembro Amarelo é uma dessas maneiras, pois trata-se de uma campanha que desde 2015 busca conscientizar sobre a prevenção do suicídio. A iniciativa busca quebrar tabus, reduzir estigmas e estimular a busca por ajuda.
O empresário, escritor e palestrante Alan Barros, que sentiu na pele o que é estar nessa situação – tentando suicídio por diversas vezes, deu a volta por cima e lançou dois livros sobre o tema. “Fui diagnosticado com depressão por uma psicóloga familiar aos 15 anos. Tudo pra mim era muito novo, tão novo que eu não sabia nem o que pensar. Na época, não se falava sobre saúde mental, e muito menos sobre depressão. Lembro-me que o primeiro sintoma que eu pude vivenciar foi a baixa autoestima, e a partir daí, o olhar negativo para tudo, para todos e principalmente para a vida”, lembra.
Autor das obras “Tenho Depressão. E Agora?” e “Antes que a [sua] luz se apague”, ele ressalta que falar sobre o tema é fundamental para quem está passando por isso, assim como para quem está diante de alguém nessa situação.
“Por que as minhas palestras sobre o assunto fazem tanto sucesso? Porque as pessoas vêm em mim aquilo que elas estão passando naquele momento. É uma pessoa que já viveu essa dor falando para outra sobre sua experiência. Quando alguém que passou por isso traz o ocorrido de forma muito consciente e muito respeitosa, mas também aberta e transparente, que é o meu caso e meu trabalho, acaba acontecendo uma conexão natural”, ressalta.
Falar sobre o assunto é primordial
Alan Barros diz que é preciso buscar ajuda com psicólogos, psiquiatras e todos os profissionais da área médica mental que possam auxiliar nesse momento tão angustiante. Mas é preciso falar, seja com quem for, porque esse é o primeiro passo para que a pessoa se afaste um pouco da ideia de tirar a própria vida.
“Suicídio é um tema bastante sensível de falar, mas eu escolhi falar com cor, amor e humor. Por isso, além de atuar intensamente no Setembro Amarelo e no Janeiro Branco, acabei trazendo a prevenção e posvenção do suicídio como um dos meus grandes propósitos de vida. Decidi ir mais além, e estudar sobre o tema de forma mais profissional, e nesses estudos encontrei a Suicidologia, que é a ciência que estuda o comportamento suicida. Hoje em dia parte do meu trabalho é contribuir para que os números estarrecedores dos casos de suicídio diminuam, assim como formar ‘multiplicadores do bem e da luz’ para me ajudar”, conta o especialista.
Ele descreve que sua missão é falar sobre temas complexos, tais como depressão, ansiedade, suicídio e bipolaridade, mas com cor, amor e humor, trazendo um jeito dinâmico para contar a sua própria história de dor e superação. “Nas minhas palestras sobre Setembro Amarelo, por exemplo, não falo sobre morte, falo sobre vida e sua importância e principalmente do viver. Costumo fazer rir e chorar, e o segredo para gerar a conexão com a plateia é trazer sempre a verdade de forma franca e transparente”, pontua.
Por fim, ele indica que as pessoas prestem mais atenção a quem está ao seu redor e busque ajuda, assim como conversar com essa pessoa, pois quanto mais cedo for percebido e o tratamento iniciado, maiores as chances de haver um final feliz. “Se você perceber sinais como mudanças bruscas de humor, isolamento social, dificuldade em desenvolver atividades cotidianas, alterações de sono e apetite, expressões de desesperança e desvalorização, comportamento autodestrutivo e busca por meios de destruir a vida em alguém próximo, não hesite em procurar ajuda profissional. Converse com a pessoa de forma calma e empática, demonstre que se importa e ofereça apoio incondicional”.
Vale lembrar que existem diversas formas de buscar ajuda, como os Centros de Valorização da Vida (CVV) – Disk 188, o Disk Saúde (136), assim como procurar ajuda profissional de saúde mental para a realização de um acompanhamento psicológico.
Saiba mais em @alanbarrosreal.
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