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Quando a medicina exige mais do que clínica: a trajetória de Lívia de Oliveira Coutinho no SUS
Nem todo médico atua apenas diante do paciente. Alguns poucos ocupam um espaço muito mais silencioso e, ao mesmo tempo, decisivo. É ali, longe dos holofotes, que escolhas clínicas deixam de impactar uma única vida e passam a interferir no funcionamento de toda uma rede de saúde. A trajetória de Lívia de Oliveira Coutinho foi construída exatamente nesse ponto de tensão.
Formada pela Universidade Federal de Juiz de Fora, Lívia seguiu um caminho pouco comum mesmo entre profissionais experientes. Ainda no início da carreira, buscou uma formação científica robusta fora do país e integrou um research fellowship na Harvard Medical School, onde participou de protocolos regulados em neurociência clínica ao lado de equipes internacionais. Foi ali que consolidou uma base analítica rigorosa, voltada para leitura crítica de dados, metodologia científica e decisões orientadas por evidência. Um tipo de preparo que raramente se traduz apenas em currículo e passa a moldar toda a forma de atuação profissional.
Ao retornar ao Brasil, sua prática rapidamente ultrapassou os limites da assistência individual. Atuou no SAMU 192 CIDESTE, tanto no atendimento direto quanto na regulação da urgência, posição que exige raciocínio rápido, avaliação clínica à distância e responsabilidade sobre decisões que não admitem erro. Em paralelo, passou a integrar estruturas de regulação assistencial municipal e estadual, participando da definição de fluxos, autorização de internações e organização de transferências hospitalares.
Na prática, isso significava decidir quem teria acesso a um leito, quando e em quais condições. No nível municipal, atuou na Central de Regulação de Vagas de Juiz de Fora. No nível estadual, integrou a regulação da Macrorregião Sudeste de Minas Gerais, exercendo autoridade sanitária em um dos pontos mais sensíveis do SUS. Um trabalho pouco visível ao público, mas absolutamente central para que a rede de urgência continue funcionando.
Essa posição deu a Lívia uma visão sistêmica rara. Ela passou a acompanhar o percurso completo do paciente, desde a emergência inicial até a internação definitiva, compreendendo como uma decisão isolada pode desencadear efeitos em cadeia em todo o sistema. Em momentos críticos, isso significava lidar simultaneamente com escassez de leitos, articulação entre municípios, reorganização de fluxos e cumprimento de decisões judiciais que exigiam respostas imediatas.
Foi durante a pandemia de COVID-19 que esse perfil híbrido se mostrou ainda mais decisivo. Em meio ao colapso assistencial, à incerteza científica e à pressão constante, Lívia atuou exatamente na interseção entre a linha de frente e os centros de decisão. Participou da priorização de atendimentos, da organização de fluxos emergenciais e da sustentação operacional da rede em um dos períodos mais críticos da história recente da saúde pública.
Com o tempo, essa capacidade de integrar ciência, clínica e gestão levou à sua ascensão a cargos de liderança. Lívia assumiu a coordenação macrorregional de regulação da Macrorregião Sudeste de Minas Gerais, sediada em Juiz de Fora, no âmbito da Secretaria de Estado de Saúde. Trata-se de uma das funções mais sensíveis da estrutura pública, responsável por articular municípios, hospitais e instâncias estaduais sob pressão constante.
Nesse papel, passou a liderar equipes multiprofissionais, dialogar diretamente com gestores hospitalares e municipais e conduzir estratégias voltadas à mitigação de colapsos assistenciais. Um trabalho que exige maturidade decisória, leitura estratégica do sistema e disposição para assumir responsabilidades de alto impacto.
A trajetória de Lívia de Oliveira Coutinho ajuda a entender um dos grandes desafios da saúde contemporânea. Sistemas cada vez mais complexos precisam de profissionais capazes de unir evidência científica, prática clínica e gestão pública em um único perfil. Em um cenário marcado por crises sanitárias recorrentes, envelhecimento populacional e recursos limitados, esse tipo de atuação deixa de ser exceção desejável e passa a ser necessidade estratégica.
Mais do que uma carreira individual, sua história mostra como decisões bem fundamentadas, tomadas nos bastidores, podem sustentar estruturas inteiras. E por que médicos com esse perfil se tornam peças-chave sempre que o sistema é colocado à prova.
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