Shutdown no TDAH: o “apagão” mental e emocional que afeta milhares de brasileiros – Entrete1
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Alê Astolphi

Shutdown no TDAH: o “apagão” mental e emocional que afeta milhares de brasileiros

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Créditos da Foto: Divulgação

Por Psicologia Sandra Villela

Quando o cérebro entra em sobrecarga, ele desliga. Literalmente. Esse fenômeno — conhecido como shutdown — é cada vez mais relatado por pessoas com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), mas ainda pouco compreendido pela maioria da população.

Apesar de parecer invisível, seus efeitos são profundos: a pessoa trava, perde a capacidade momentânea de pensar com clareza, falar, agir ou lidar com qualquer estímulo externo.

Segundo a psicóloga Sandra Villela, especialista em neurodiversidade e saúde emocional, esse apagão não é frescura, preguiça ou fraqueza.

“O shutdown é um mecanismo de defesa. Quando o cérebro percebe que está recebendo mais estímulos do que consegue processar, ele entra em modo de proteção. A mente simplesmente desliga para evitar um colapso maior”, explica.
Quando o cérebro trava: o que é o shutdown?

Diferente da desatenção clássica do TDAH, o shutdown representa um estado de paralisia mental e emocional. Esse travamento pode ser desencadeado por uma soma de fatores: sobrecarga sensorial, excesso de demandas, conflitos emocionais, barulhos, interrupções constantes ou ambientes extremamente estimulantes.

Para muitos, é como se uma “pane” tomasse conta do corpo.

Outros descrevem como um esvaziamento interno, uma incapacidade de reagir ou responder.

Os sintomas mais comuns

Durante o shutdown, o corpo e a mente entram num modo de funcionamento mínimo. Entre os sinais mais relatados, estão:

Vontade súbita de se isolar: qualquer interação social se torna cansativa.

Bloqueio mental: dificuldade em pensar, decidir, organizar ideias ou responder perguntas simples.

Dificuldade de falar: expressar o que está acontecendo parece impossível.

Emoções intensas: irritação, frustração ou choro fácil, sem motivo claro.

Cansaço extremo: sensação de exaustão mental e física.

Sensibilidade sensorial: barulhos, luzes e toques se tornam incômodos ou dolorosos.

Créditos da Foto: Divulgação
Créditos da Foto: Divulgação

De acordo com Sandra Villela, esses sinais são muito mais comuns do que se imagina.

“É muito comum ouvir pacientes dizerem que ‘travaram’ no meio do dia, numa reunião ou até em casa. Muitos acham que é uma falha pessoal, mas é apenas o cérebro pedindo socorro.”
Por que isso acontece?

Pessoas com TDAH já lidam diariamente com um volume maior de estímulos internos: pensamentos rápidos, impulsividade, emoções intensas e dificuldades de regulação.

Quando o ambiente adiciona ainda mais demandas, o cérebro chega ao limite.

“Imagine um computador com muitas abas abertas, vários programas rodando ao mesmo tempo e ainda recebendo novas tarefas. Chega um momento em que ele trava. O cérebro de uma pessoa com TDAH funciona da mesma forma”, compara a psicóloga.

Como lidar com o shutdown

Segundo Sandra Villela, não existe “força de vontade” que resolva o shutdown no momento em que ele acontece. O que funciona é:

Dar uma pausa real

Diminuir estímulos (luzes, barulhos, telas, conversas)

Respirar profundamente e desacelerar

Se possível, avisar pessoas próximas

Evitar novas demandas no momento

Com o tempo, criar rotinas de regulação emocional e conhecer seus próprios limites ajuda a reduzir a frequência e a intensidade desses episódios.

A importância de falar sobre isso

Mesmo sendo comum, o shutdown ainda é pouco discutido. No ambiente de trabalho, é frequentemente interpretado como desinteresse; nas relações pessoais, como frieza; e no cotidiano, como preguiça.

Essa falta de compreensão só aumenta o sofrimento emocional e a sensação de inadequação.

“Quando as pessoas entendem que não é fraqueza, mas uma resposta neurológica, tudo muda: o paciente se culpa menos e quem convive passa a oferecer suporte e não julgamento”, reforça Sandra Villela.
Para quem vive com TDAH — e para quem convive

A mensagem principal é simples: o shutdown é real, tem explicação científica e merece atenção. Quanto mais falarmos sobre isso, mais pessoas poderão reconhecer o que sentem e buscar ajuda especializada.

Sandra Villela
CRP 06/138903

Instagram: SandraVilela

Tiktok: Sandra Vilela

 

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