Colunistas
Tropa de Choque invade mercado financeiro
Policial militar aprende a fazer day trade dentro do próprio batalhão onde trabalha e há cinco meses opera por meio de uma mesa proprietária
O que tem a ver o trabalho de um policial militar com o mercado financeiro? Ainda mais se esse policial pertencer à tropa de choque, unidade especializada no controle de multidões. Por incrível que pareça, tem tudo a ver. Tanto que existem grupos dentro da corporação que aproveitam as horas vagas para estudar sobre day trade, treinar e até mesmo operar já com o intuito de fazer lucro. Este é o caso de José Jomarilo, paraibano que vive em São Paulo e está na Polícia Militar do Estado há 12 anos, sendo cinco na Tropa de Choque.
Seu primeiro contato com o mercado financeiro foi dentro da própria corporação. Em um horário de folga ele viu companheiros de equipe operando em celulares e desktops e ficou curioso. Questionou sobre o que eram aqueles gráficos e números que apareciam nas telas e descobriu que muitos policiais como ele faziam day trade.
Jomarilo ficou interessado em aprender e recebeu o incentivo dos colegas. “Há grupos dentro da corporação que se reúnem para falar do mercado financeiro, inclusive pessoas com experiência para fazer mentorias. Assim que perguntei a respeito meus amigos me mostraram quais cursos eu deveria fazer e os simuladores que eu podia acessar para treinar”, conta.
Com as referências que recebeu, estudou por algum tempo, abriu conta em uma corretora e resolveu arriscar, mesmo sem nunca ter pelo menos treinado em simuladores. O objetivo, como o de qualquer outro trader era ganhar dinheiro. Mas com pouco tempo de estudo, ansioso e sem a disciplina necessária, sua estreia foi desastrosa. Mas a experiência dolorosa lhe fez acordar para a realidade.
“Comecei tudo errado. Abri minha conta e achei que sabia operar. Tive prejuízo. Depois de seis meses tomando paulada eu conheci o capitão Peres, que dá curso também. Fiz o curso dele que é análise gráfica e comecei a engatilhar, mas no final ainda ficava no zero a zero”.
Uma qualidade importante para o mercado financeiro Jomarilo tem, a persistência. Talvez adquirida na própria atividade policial. Assim, o policial não desistiu, acreditou que poderia ganhar dinheiro como os demais colegas e complementar a renda. Por esta razão, em 2022, ele pediu ajuda a outro policial, Alex, que trabalha como bombeiro militar e tem bastante experiência como trader.
O amigo, então, o ajudou. Ensinou-o durante uns seis meses e só o liberou para operação quando achou que Jomarilo estava pronto. “Foi nesse meio tempo que conheci a Axia Investing. Outro companheiro meu, Elias, que já atua na mesa proprietária me explicou como funciona e eu resolvi participar do teste”, comentou, lembrando que no começo desconfiou um pouco da proposta, pois lhe parecia estranho a mesa proprietária arcar com possíveis prejuízos.
Mesmo assim, fez o teste na Axia em dezembro do ano passado e conseguiu ser aprovado logo na primeira tentativa. Está há cinco meses atuando como trader. Opera nas horas vagas, já que seu trabalho principal continua a ser na polícia. Sua meta inicial é usar o day trade para complementar a renda. Casado, pai de um filho e com o segundo prestes a nascer, o policial prefere ser cauteloso, juntar recursos primeiro para só então decidir se transforma o day trade em sua principal e única fonte de renda.
O CEO da Axia Investing, Antonio Marcos Samad Júnior, acha a história do militar um tanto engraçada porque ela é mais uma demonstração do afobamento de milhares de traders que ingressaram no mercado antes do policial. “Dinheiro fácil não existe. O day trade pode sim ser lucrativo, mas exige tempo para que a pessoa adquira experiência e ganhe consistência. É assim em qualquer profissão”, afirma.
Arriscar sem perder
Além de aconselhar os interessados no mercado financeiro a estudarem bastante e usarem simuladores para treinar sem risco de perda, Samad também lembra que não faz sentido atualmente arriscar o próprio dinheiro para fazer day trade. “Mesas proprietárias como a Axia estão aí para que as pessoas iniciem no mercado sem risco de perderem dinheiro. Se não der certo, na pior das hipóteses ele será desligado da mesa e aconselhado a aprender um pouco mais antes de fazer outro teste para retornar”.
Ensinamento este que Jomarilo compartilha com aqueles que querem entrar no mercado financeiro. Mas ele vai um pouco além e diz que uma boa estratégia, não só durante os testes para ingressar na equipe, mas para o dia a dia de trabalho, é não queimar todos os minicontratos de uma só vez. “Comecei com o direito de operar até 50 minicontratos, mas uso apenas cinco ou seis. E tenho me dado bem. Faço isso justamente para não perder o controle”, ensina.
Samad concorda. “Quando você coloca em jogo todos os contratos é porque já perdeu o controle da situação. É necessário ter calma, pois se der errado você tem uma boa reserva para tentar reverter a situação”, conclui.
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